Missionário, um agente da expiação!



Eu gosto muito da palavra “agente” no contexto do evangelho. Um de seus significados é “aquele que pratica a ação”. O Senhor desafia a cada um de nós a sermos agentes e nos ocuparmos zelosamente de boas causas. Essa palavra também tem outro significado. Agente é usado como um sinônimo de representante. Portanto, um agente é aquele que faz algo em nome de outra pessoa, um procurador, um mandatário, um representante.
Ao ponderar sobre os significados dessa palavra, concluo que como missionários temos o grande privilégio de sermos chamados como “agentes da expiação”. Somos agentes porque agimos em nome de Cristo e ao cumprirmos nosso propósito, somos seus representantes, pois temos o poder e a autoridade para convidar as pessoas a virem a Cristo.
Em outras palavras, o nosso propósito central é levar às pessoas o conhecimento sobre a expiação do Salvador Jesus Cristo, testificar sobre Ele. Nesse sentido, entendo que a expressão “agentes da expiação” é muito adequada pois agimos em nome de Cristo e O representamos neste sagrado encargo de cumprir nosso propósito.
Gostaria agora de convidá-lo a ponderar sobre a expiação. Essa é sem dúvida uma das verdades mais belas do evangelho. O mundo conhece parcialmente seus efeitos mas graças à restauração do evangelho e pelo advento do Livro de Mórmon, podemos ter nosso conhecimento ampliado sobre este maravilhoso Dom de Deus.
As escrituras nos ensinam sobre um dilema. Lemos em Mosias 3:19 que o “homem natural é inimigo de Deus e tem-no sido desde a queda de Adão e sê-lo-á para sempre.” Em Pérola de Grande Valor, lemos em Moisés 6:57 que “nenhuma coisa impura pode habitar na presença de Deus”. Ainda lemos em Romanos 3:23 “ Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. Portanto, se todos pecaram e nada que é impuro pode entrar no Reino de Deus, qual é a esperança de um dia podermos voltar a sua presença e alcançarmos o nosso potencial divino?
A resposta é: “tornando-se santo pela expiação de Cristo”.
O Rei Benjamin ainda ensinou em seu discurso que para se tornar santo pela expiação de Cristo, precisamos “ceder ao influxo do Espírito Santo e nos despojarmos do homem natural”. Ele complementa o ensinamento nos fazendo um convite e um desafio, para que nos tornemos “como uma criança, submisso, manso, humilde, paciente, cheio de amor, disposto a submeter-se a tudo quanto o Senhor achar que lhe deva infligir, assim como uma criança se submete a seu pai”.
Elder Bednar ensinou:  “Nossa jornada de maus para bons é o processo de despojar-nos do homem ou mulher natural que existe em cada um de nós. Na mortalidade, todos somos tentados na carne. Os próprios elementos dos quais nosso corpo foi criado são de natureza decaída e estão sempre sujeitos à influência do pecado, da corrupção e da morte. Mas podemos aumentar nossa capacidade de sobrepujar os desejos da carne e as tentações “pela expiação de Cristo”. Quando cometemos erros, como quando transgredimos e pecamos, podemos arrepender-nos e tornar-nos limpos por meio do poder redentor da Expiação de Jesus Cristo(Extraído de um discurso devocional proferido na Universidade Brigham Young em 23 de outubro de 2001.
Despojar-se do homem natural significa jogar fora o que não presta dentro de nós. Eu não sou um especialista na área da saúde. Porém, eu entendo que nossos rins desenvolvem este papel em relação ao nosso corpo físico. Nossa alimentação provê a energia necessária para as atividades diárias. Ao mesmo tempo, essa alimentação poderá trazer consigo elementos tóxicos que se não forem expulsos de nossa corrente sanguínea, poderão resultar na morte física. Assim, nossos rins desenvolvem a função de “despojar as toxinas naturais”, jogá-las fora. Seguindo essa analogia, graças à expiação, podemos também nos “despojar do homem natural”, das toxinas acumuladas durante a jornada da vida, e assim evitar nossa morte espiritual.
A expiação do Salvador é um ato de amor. Lemos em Alma 7:12 que o Salvador tomou para si a morte, para soltar as suas ligaduras e também tomou sobre si nossas enfermidades, para que se enchessem de misericórdia as entranhas, para que soubesse, segundo a carne, como socorrer seu povo.
A expiação, portanto, foi a vitória do espírito sobre a carne. Por meio dela, podemos vencer as limitações desse mundo material. O convite feito por Moroni “Vinde a Cristo, sede aperfeiçoados Nele”, em Moroni 10:32 nada mais é do que um convite para que possamos, com o auxílio de Cristo, vencer este mundo material, com seus apetites, suas paixões, seus vícios e pecados para assim vencermos o homem natural.
Este processo de despojar-se do homem natural começa com a fé em Cristo. Tem início com a firme decisão de seguir o modelo perfeito. Fé em Cristo se caracteriza pela decisão de fazer o que Ele nos ensina. O primeiro fruto deste processo é o arrependimento, a mudança necessária para nos alinharmos ao modelo perfeito do Salvador. Este é um processo contínuo.
O mundo precisa conhecer sobre a expiação. Precisa entender que não há necessidade de sofrer eternamente os efeitos desse mundo material, que oferece momentos de satisfação, seguidos de angústia e tristeza, pois a alegria que se encontra é incompleta e passageira. O mundo precisa saber que ao se despojar do homem natural ele vai conseguir um poder eterno, um domínio eterno, que fluirá para sempre.
O mundo precisa conhecer que vale a pena vencer o orgulho! Vale a pena restringir os apetites e paixões aos limites estabelecidos pelo Senhor! Vale a pena renunciar prazeres momentâneos por uma causa maior! Vale a pena cultivar laços familiares, pois eles poderão ser eternos. O mundo precisa saber que a morte não é o fim.
Neste domingo, eu estive na Conferência da Estaca Maracanau. Lá eu encontrei um amigo que estava muito triste, mesmo deprimido, pela perda recente de seu filho. Eu sentira, um dia antes, que eu precisava deixar uma mensagem sobre famílias eternas, sobre o poder selador que une as famílias e que a morte não é o fim.
O setenta de área que presidiu a conferência, Elder Dias, falou sobre a expiação do Salvador. Ao final da conferência esse querido irmão que estava muito aflito nos procurou, agora com um semblante mais calmo e nos agradeçou pelas mensagens, pois ao ouvir sobre o plano de salvação, que tem a expiação como pilar, o seu coração encontrou mais força para sobrepujar a sua dor.
O seu papel como missionário é ser um agente da expiação. É agir em nome de Cristo, como seu verdadeiro representante, com todo seu poder, mente forçar para ajudar as pessoas a compreenderem sobre a expiação. Você se torna um verdadeiro agente quando compreende mais acerca dessa preciosa verdade. Você se torna um verdadeiro agente quando aplica a expiação em sua vida e continuamente se despoja do homem natural. Você se torna um verdadeiro agente da expiação quando se esforça para desenvolver atributos do Salvador, começando pelas pequenas coisas.
Diariamente, quando você é acompanhado(a) pelo seu líder de distrito, você se depara com as seguintes perguntas: “quantos novos?” “quantas datas”? A pergunta completa deve ser: “Elder/Sister, quantas pessoas novas você ajudou hoje a entender sobre a expiação de Cristo na data de hoje?” “Elder/Sister, quantas pessoas novas se comprometeram hoje, com a sua ajuda, a seguir Cristo por meio do batismo?”.
Quando plenamente entendemos isso, que a expiação de Cristo é o poder purificador e capacitador para vencermos os efeitos deste mundo material e encontrarmos paz nesta vida e felicidade no mundo vindouro, vamos desejar falar com todo mundo. Cinco novos pesquisadores, quatro novas datas a cada dia vão parecer pouco. Não vamos admitir perder tempo. Vamos ter a mesma atitude de Alma, que desejaria ser um anjo para proclamar ao mundo essas verdades.
Testifico que a expiação é real. Ela é a maneira que podemos nos despojar do homem natural. Ela é possível graças ao sacrifício infinito e eterno, um sacrifício de amor, realizado por nosso irmão mais velho, mesmo Jesus Cristo. As pessoas não precisam sofrer pelas angústias impostas por este mundo material, pois há um caminho, há um mapa. Alguém já venceu o mundo, mesmo tendo aflições e Ele, nosso Salvador, já pavimentou a estrada que devemos percorrer. Ele vive. É nosso Redentor.
Que alegria ser um missionário e poder ser chamado “representante de Cristo”, mesmo um “agente da expiação” e assim poder agir em seu nome, convidando a todos virem a Ele.
Que benção é trabalhar com vocês e saber do seu esforço para ser um verdadeiro agente da expiação. Saibam o quanto amamos vocês e o quanto admiramos e somos gratos por seu trabalho.

Rumo aos 3.000.
Com amor,

Presidente e Sister Leite

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