Fé, testemunho e conversão. Um processo contínuo

Meus amados missionários,

Mais uma ala foi criada em nossa missão! A ala Mondubim foi dividida e foi criada a Ala Aracapé. Agora a Estaca Bom Sucesso tem 7 alas, um ramo e um grupo. É o Reino de Deus crescendo. Participei da reunião e foi um doce Espírito. Este é mais um fruto do trabalho de todos vocês!  Conseguimos abençoar a vida de 47 pessoas com o batismo e 43 novos irmãos foram confirmados. Devemos estar felizes, mas eu os convido a acelerar a obra, pois sempre podemos fazer mais!

Gostaria de escrever hoje sobre o que chamarei de “ciclo da conversão”, que tem início com a fé, avança com o testemunho e finalmente à conversão. Esses princípios além de nos ajudar, também ajudam sobre maneira nossos pesquisadores. Quem exerce fé, desenvolve um testemunho e caminha para a conversão,estará pronto para fazer convênios com o Senhor.

Certa ocasião, enquanto eu ensinava uma família, constatei que eles estavam progredindo muito pouco. Eram boas pessoas, receptivas,  mesmo atenciosas, mas o progresso era lento. Durante a lição eu senti que deveria perguntar a eles o seguinte: “Vocês acreditam que o domingo é o dia santificado?” Eles responderem sem hesitar. “Sim, certamente. A bíblia fala do dia santificado e acreditamos que seja o domingo”. Na sequencia, eu disse: “Não entendam mal a minha pergunta, mas se vocês acreditam que domingo é o dia santificado, por que vocês não guardam este mandamento?” Houve um certo silêncio e depois veio a justificativa. “Presidente Leite, necessitamos trabalhar neste dia e, portanto, não podemos guardá-lo”. Ao ouvir isso eu os desafiei a guardar o dia do Senhor e prometi bençãos. A família começou a progredir; decidiram parar de trabalhar aos domingos; casaram-se e foram finalmente batizados e confirmados.

Essa experiência e tantas outras me ratificaram um princípio sagrado que eu gostaria de enfatizar. A verdadeira conversão tem início quando exercemos fé e agimos conforme o conhecimento já recebido. Na experiência relatada, a família tinha o conhecimento sobre o Dia do Senhor. Eles precisavam, portanto, exercer fé e agir, ou seja, guardar o Dia do Senhor. Ao fazê-lo, o Espírito Santo passou a testificar sobre outras verdades e então o seu progresso aconteceu e foram batizados.

Tenho aprendido que o Senhor não vai revelar mais verdades além daquelas que já vivemos. Assim, é fundamental ajudar os nossos pesquisadores a viverem de acordo com a verdade que já conhecem. Um pesquisador pode aceitar o princípio da oração como verdadeiro. Porém, ele não vai progredir até que exerça fé suficiente para orar. Um pesquisador pode aceitar o princípio que houve uma apostasia. Porém, ele não vai progredir se não tiver fé suciente e agir para  ler o Livro de Mórmon. Um pesquisador pode aceitar que Cristo convida a todos para velar com ele. Porém, enquanto ele não agir e visitar a Igreja, o seu conhecimento não será suficiente para levá-lo à conversão.

Como missionários, precisamos conhecer o quanto de verdade nossos pesquisadores já conhecem e ajudá-los a viver de acordo com a verdade que já têm. Se eles viverem de acordo com a verdade já conhecida, eles vão progredir, pois viver de acordo com a verdade demanda fé, ação, que leva ao testemunho e finalmente à conversão.

O próprio Salvador ensinou em João 7:17: Se alguém quiser fazer a vontade Dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus, ou seu eu falo de mim mesmo. Essa escritura nos ensina que o “fazer” nos leva ao “saber”.

Para saber se algo vem de Deus e necessário exercer fé e fazer. O conhecimento dormente e passivo não leva à conversão. É a fé, como um princípio de poder, que leva as pessoas a agir e a obterem testemunhos. Cristo é a fonte de toda a verdade e luz. Quando vivemos pela luz e verdade que já aprendemos, mais luz e conhecimento nos será dado. Quem vive pela luz que já conhece, demonstra sua fé na verdade, ou seja, fé em Cristo, e vai sentir o poder do Espírito Santo.

O evangelho de João nos traz um exemplo muito bom acerca da referência de um eleito e como a pureza desse eleito, ou seja, o fato de viver pela verdade que já conhecia, o ajudou a reconhecer o Salvador. Lemos em João 1: 45 Filipe encontrou Natanael, e disse-lhe: Encontramos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e os profetas, a saber: Jesus de Nazaré, filho de José.

Nesse versículo, vemos Filipe, que fora chamado recentemente ao apostolado, compartilhando o evangelho com o seu amigo Natanael. Ele prestou solene testemunho do Salvador.

No mesmo capítulo, em sequencia, lemos em João 1: 46. Disse-lhe Natanael: Pode vir alguma coisa boa de Nazaré? Disse-lhe Filipe: Vem, e vê.

Percebam que Natanael estava preso a um conceito errado, ou seja, “pode vir algo bom de Nazaré?” Em sua visão, algo tão importante que fora profetizado por Moisés e outros profetas não poderia vir de uma cidade menos importante como Nazaré. Percebam que ele estava preso a um pré- conceito.

Não obstante a esse pré-conceito, eis o que o Salvador disse de Natanael: João 1:47: Jesus viu Natanael vir ter com ele, e disse dele: Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem não há dolo.

Ao ouvir essas palavras, Natanael assim se expressou:  48 Disse-lhe Natanael: De onde me conheces tu? Jesus respondeu, e disse-lhe: Antes que Filipe te chamasse, te vi eu, estando tu debaixo da figueira. 49 Natanael respondeu, e disse-lhe: Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel.

Notem que Natanael, muito embora preso a um conceito errado que talvez pudesse ter fechado um pouco o seu coração, por ser um “Israelita em quem não havia dolo”, conseguiu reconhecer em Cristo, o filho de Deus, o Rei de Israel.

Ora, alguém sem dolo significa alguém puro, alguém que vive segundo a verdade que conhece. Natanael era um pesquisador que se esforçava em guardar os mandamentos. Os que são puros de coração, ainda que estejam enganados e presos a ideias erroneas, vão reconhecer o Espírito mais facilmente, pois vivem segundo a verdade que já conhecem.

Chamo agora a sua atenção para outro ponto importante. PME na página 197 ensina “Vocês não podem converter as pessoas além de seu próprio grau de conversão”. Natanael reconheceu em Cristo que Ele era o filho de Deus, pois certamente o Salvador ensinava com autoridade e tinha o Espírito consigo. Em outras palavras, o Salvador vivia plenamente a verdade que conhecia e por essa razão poderia ajudar Natanael em seu processo de conversão, pois do Mestre emanava luz, conhecimento e verdade.

Como missionários e representantes de Jesus Cristo, a forma como vivemos pelo conhecimento que temos vai demonstrar nosso nível de conversão. Na medida em que elevamos a nossa conversão, compartilharemos mais luz e verdade e o Espírito Santo vai testificar dessas verdades aos nossos pesquisadores.

Portanto, o seu nível de conversão, ou seja, o seu “fazer”, suas escolhas, vai ampliar o seu “saber”, o seu testemunho. Por outro lado, o “fazer” dos seus pesquisadores, conforme a verdade que já conhecem, vai igualmente ajudá-los em seu processo de conversão e assim virão a “saber” a veracidade do que ensinamos. Assim, o missionário que se esforça para elevar continuamente o seu nível de conversão e ajuda os seus pesquisadores a viver conforme a verdade que conhece, vai poder ajudar  muito mais pessoas nesse mesmo processo, pois ambos se qualificam para reconhecerem  a confirmação das verdades pelo poder do Espírito Santo.

Esse mesmo princípio é ensinado em Alma 26:22 22 Sim, aquele que se arrepende e exercita a fé, e faz boas obras, e ora continuamente sem cessar — a esse é concedido conhecer os mistérios de Deus; sim, a esse será concedido revelar coisas nunca antes reveladas; sim, a esse será concedido levar milhares de almas ao arrependimento, assim como a nós nos foi concedido levar estes nossos irmãos ao arrependimento.

Em outras palavras, quem está convertido está mais pronto a ajudar outros em seu processo de conversão, mesmo milhares.

Minha oração e mensagem é que ajudemos nossos pesquisadores a viverem pela luz e verdade que já conhecem, pois  o “fazer” leva ao “saber”. Que nós possamos elevar o nosso nível de conversão, ou seja, de igual forma “fazer” e viver conforme as regras, mandamentos e verdades que conhecemos. Testifico que se fizermos essas coisas simples, vamos poder ajudar muito mais pessoas, mesmo aquelas presas às ideias erradas e pré-concebidas que tantas vezes encontramos ao ensinar. Natanael foi convertido; muitos Lamanitas foram convertidos, ainda que acreditassem nas tradições de seus pais. Tudo isso ocorreu porque quem pregou vivia plenamente o que ensinava e quem ouvia, se esforçou por “fazer” e assim veio a “saber”

Rumo aos 3.000.

Com amor,

Presidente e Sister Leite